Salmão de cativeiro com excesso de ômega 3 - 6 ou truta salmonada?

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"O salmão é um peixe mitológico, venerado por povos do mundo inteiro pelos benefícios que oferecem à saúde. O antigo povo ainu do Japão acreditava que o salmão era um presente dos deuses, e reconheciam sua força e perseverança como qualidades que seriam adquiridas por quem o consumisse. É um dos peixes mais determinados e persistentes quando se trata de procriar e lendário pela odisseia que enfrenta para desova. Os ovos do salmão são desovados e chocados na água doce. Quando adultos, eles voltam para água salgada. Depois de quatro ou cinco anos, nadando contra corrente marítimas em direção ao lago, retornam para casa. Este é o salmão selvagem." 
Steve Gagné

Já o salmão de cativeiro é alimentado com uma ração contendo astaxantina ou cantaxantina (um pigmento semelhante), de modo a desenvolver a coloração desejada. Esses aditivos utilizados podem ser tanto de fonte natural (extraídos de algas) ou sintéticos. A astaxantina é um carotenóide com alto poder antioxidante, em larga escala é mais comum o uso desse aditivo sintético proveniente de derivados de petróleo. Os salmões criados em cativeiro contêm aditivos, em alguns casos podem ser utilizados antibióticos para controle de infecções por parasitas sofrida por peixes criados nessas condições de confinamento. 

Salmões criados em cativeiro são diferentes da espécie original que perderam seu instinto predatório necessário para prover seu próprio alimento, espécie de cativeiro até consegue sobreviver com alguma qualidade, porém não é mesma coisa que em seu habitat natural . A criação de salmão é difícil, são peixes ativos que precisam de espaço para se movimentar. Existem tentativas de criação com alimentação orgânica, mas a maior parte dessa alimentação também não é o que o salmão comeria em seu ambiente natural. E o salmão não possui em sua composição ômega 3 ou 6. Que desempenham papel importante na prevenção de doenças cardiovasculares, doenças inflamatórias, desenvolvimento neural, trombose, câncer e melhora na imunidade. 

O salmão só terá ômega 3 e 6 se a ração utilizada pelo criador tiver em sua composição farinha de peixe.Por outro lado,  essa alimentação enriquecida do nosso salmão, confere um aumento dos níveis de ácidos graxos (omega 6) e ao consumirmos excessivamente o omega 6 do pescado, mais outros diversos tipos de gordura vegetal ao longo do dia, teremos um desequilíbrio em nosso organismo, o que poderá por exemplo, gerar um aumento de citocinas inflamatórias. Isso é bem comum na dieta ocidental, visto que o consumo de ômega-6 é maior do que o de ômega-3. Os alimentos ricos em ômega-6 são os óleos vegetais, azeite, peixes de água quente, nozes, ovos, carne animal e leite. Segundo o Institute of Medicine, um excesso de ômega-6 aumenta os níveis de eicosanóides e consequentemente, a inflamação e o risco para o desenvolvimento de doenças.

E a truta salmonada é outro pescado que é vendido como se fosse salmãoTrutas não se alimentam de crustáceos, apresentando, naturalmente, carne de coloração branca. Porém, existem produtores que incluem astaxantina em suas rações, fazendo com que o peixe desenvolva essa tonalidade salmão (daí o nome truta salmonada) e aí temos o caso de fraude, e isso não é bom. O ideal seria a inclusão dessa informação no rótulo – “truta salmonada”.

E os peixes selvagens, nem sempre serão nossa salvação também. Pois os mais nobres, como o atum e o bacalhau, estão entrando em extinção. E ainda temos o perigo da contaminação por mercúrio, pelo menos para quem come certos peixes com frequência.Porém, nem todos os peixes têm os mesmos níveis de contaminantes. Os que têm níveis mais elevados são os que estão no topo da cadeia alimentar, ou seja aqueles que se alimentaram de peixes e crustáceos que já tinham retido metilmercúrio, que graças à ação de bactérias, sobretudo em zonas alagáveis, o mercúrio é transformado nessa forma orgânica. Nessa versão, ele penetra nas algas, que até possuem um baixo teor de mercúrio, mas os peixes herbívoros (que se alimentam dessas plantas) têm um pouco mais. E os predadores (que comem os herbívoros) acabam com um índice bem maior, esse é o ciclo.No topo estão peixes como o peixe-espada preto, os tubarões, as raias, o espadarte e, “em menor grau”, o atum. Reafirmando, nem todo peixe é contaminado. Se ele vive numa região livre de mercúrio, o que é comum, não tem problema. 

“A publicação, organizada pela universidade Unimonte, de Santos, classifica as espécies de peixe em categorias de consumo. O projeto Pescador Amigo,  reúne listas e pesquisas sobre espécies em risco de extinção. A publicação, lançada no Brasil pela primeira vez em 2008, levou o título de Guia de Consumo Responsável de Pescados E o princípio que norteia o Guia, inspirado em uma publicação dos Estados Unidos feita pelo Aquário de Monterey, na Califórnia, é o de que a manutenção de uma cadeia de peixes de qualidade que não resulte no esgotamento dos estoques pesqueiros no futuro passa pela transformação da demanda. Como já é frequente nos Estados Unidos e na Europa, o consumidor começa a querer saber de onde veio o que ele está comendo. E a exigir qualidade e variedade.” Paladar Estadão Abril 2014 

Diversificar o consumo de pescado e educar o paladar é o caminho. 

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