Bastidores do Açafrão




Açafrão - É quase tão caro quanto o ouro e tão lucrativo quanto mercadoria de contrabando. 

"The Beauty Saffron" muitos sabem que os atuais "donos" do Açafrão da Índia, são indústrias farmacêuticas, que lucram com patentes de medicamentos, feitos a partir de plantas que indígenas dizem usar para fins medicinais há séculos.

No caso do Açafrão, em março de 1995, dois pesquisadores indianos da Universidade do Mississipi receberam uma patente por utilizar o açafrão-da-terra em loções para machucados. O Conselho Indiano para Pesquisa Científica e Industrial, a maior organização científica do país, processou o Escritório de Patentes dos EUA, com a alegação de que o açafrão-da-terra já era há séculos utilizado na Índia no tratamento de feridas ou coceiras. Como prova, usou um texto antigo em sânscrito. Como resultado, o órgão americano teve que cancelar todas as patentes concedidas que tivessem essa planta como componente.

Até aí nenhum "mistério", tendo em vista que o Açafrão já serve de mercadoria muitos séculos antes de existir capitalismo. O que "incomoda" é que este registro possui o "poder" de transformar em mercadoria, o conhecimento secular, coletivamente gerado e preservado tradicionalmente por essas comunidades. Ou seja, monopolizam através da ciência(*mesmo sendo cientista, não posso ser subserviente ao fato), cultura desses povos. E quem fica com os lucros?  Segundo o Protocolo de Nagoya, um tratado legal vinculativo que visa garantir a divisão dos lucros gerados pelos recursos naturais, como as plantas medicinais. Populações que tradicionalmente cultivam receberão seus benefícios.

Em 1916, na sua obra fundamental sobre o imperialismo, Lénine identificava os  indícios  desse  processo:  “o  trust  do  tabaco,  desde  o  próprio momento   da   sua   fundação,   consagrou   inteiramente   os seus   esforços   a substituir em todo o lado, e em grande escala, o trabalho manual pelo trabalho mecânico.  Com  esse  objetivo  adquiriu  todas  a  as  patentes  que  tivessem qualquer   relação   com   a   elaboração   do   tabaco,   investindo   nisso   somas enormes. [...] a concorrência transforma-se em  monopólio. Daí resulta um gigantesco processo de socialização da produção. Socializa-se também, em particular, o processo dos inventos e aperfeiçoamentos técnicos.A  detenção  de  patentes  é  um  dos  instrumentos  da  concentração  monopolista do capital.

Maior produtor é o Iran com 60 toneladas anuais. Açafrão é o pó do estame seco da flor - crocus sativus. Tem tonalidade alaranjado bem escuro e um aroma forte. Colheita do açafrão é uma aventura digna de Amazing Race, pois o crocus sativus murcha rápido.  Primeira etapa é realizada pela manhã, quando flor se abre, são colhidos dentro de cada flor, os três estigmas mais compridos de cor laranja vermelho são o açafrão, os pistilos amarelos mais curtos suportam o pólen, que supostamente reproduziria a planta, porém esta foi domesticada há tanto tempo que já não se consegue reproduzir sem a ajuda humana. Para aproveitar o sabor do açafrão, após a sua extração,  flores os fios são colocados ao sol, pelo processo artesanal, ou num forno, para secar a cerca de 20 por cento da sua umidade original. Há dois mil anos atrás, Plínio o Velho, escreveu em História Natural que o verdadeiro açafrão era original da Sicília, um reino situado no sudeste da atual Turquia. O açafrão continua a ser adulterado ou falsificado, mais vulgarmente por fibras de coco tingidas de açafrão, por tudo menos por pétalas de açafrão vendidas sem misturas. O açafrão mais confiável é o de cor vermelho púrpura, por ser o mais difícil de adulterar.

DIFERENÇAS

Cúrcuma - é uma planta herbácea da família do gengibre (Zingiberaceae), originária da Ásia (Índia e Indonésia), de cor amarelo forte, gosto um pouco amargo, também conhecido como açafrão da Índia. Ele é vendido em pó e serve para vários pratos.Não confundir cúrcuma com açafrão - Primeiro é produzido do estames da flor e o outro da raiz.

Colorau -condimento preparado principalmente à base de sementes de urucum dessecada e triturada, originando um pó fino, usualmente temos misturadas ao pó fino de outras sementes também dessecadas e trituradas, como por exemplo, o milho. Quando maduro abrem ouriços cheio de sementes de cor vermelho forte.Antigamente o colorau era usado para substituir o tomate que era muito caro. 

Páprica em pó - é feita de pimentão vermelho, com sabor doce suave que vai até o picante. Frutos para a produção de páprica são usados desidratados.Sabor do condimento poderá sofrer alterações, devido quantidade de sementes e nervuras do fruto que é feito o pó e misturado. 

Alguns registros, constam que antigamente os espanhóis, depois da viagem de Cristóvão Colombo, começaram a plantar na Espanha plantas do gênero Capsicum, que já eram nativas da América. Eles secavam e moíam os pimentões vermelhos para fazer a páprica que eles chamavam de Pimentón.


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